quarta-feira, 27 de abril de 2011

O fim do computador pessoal como conhecemos.

Postado as 15:53 - 06/02/2011 - Por Hugo Queiroz. Categorias: Computadores, Netbooks, Notebooks, Smartphones, Tablets.
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O título dessa coluna pode assustar alguns, principalmente nosso público tão devoto a seus computadores, mas não, não sou nenhum profeta do apocalipse muito menos mais um pessimista querendo causar polêmica. Sou apenas mais um fã da tecnologia atendo as minúcias e tendências de mercado que vem a compartilhar minha opinião com todos.
Há algumas semanas atrás, assim que voltei da CES 2011, tive uma ótima conversa com Paulo Couto sobre o que mais havia chamado minha atenção no evento e o que conseguia enxergar como tendências de mercado, e o que venho a compartilhar é praticamente a mesma visão que Paulo possui a alguns anos. E posso falar com propriedade, meus amigos, o PC como conhecemos está lentamente morrendo e está acontecendo na frente de nossos olhos.
Em um evento como a CES a presença de notebooks e principalmente desktop estava incrivelmente reduzida, ninguém mais quer saber quantos núcleos tem o mais moderno processador do mercado, ou quantos stream processors tem a mais nova placa de vídeo. E quer saber por que? Por que, independente do que a mídia diz, ninguém precisa disso. E lentamente todos estão começando a perceber que hoje pagamos muito caro para algo que está muito além das necessidades de qualquer pessoa.
Sim, um Sandy Bridge é um avanço maravilhoso, sim ele possui um desempenho nunca antes visto. Sim a nova placa de vídeo da Nvidia é fantástica e capaz de coisas inéditas. Mas a verdade é que com os avanços na área de mobile, tudo o que qualquer pessoa precisa é apenas um celular, ou um tablet, apenas isso. Hoje nós já possuímos celulares com chips dual-core de 1GHz, processador gráfico Tegra 2 e poder de fogo superior a muitos netbooks e notebooks de entrada.
- Por que será o fim do desktop (x86)?
De forma simples e resumida, por que um processador x86, independente do modelo, é muito caro para ser produzido. Dos mais simples aos mais avançados todos os processadores x86 carregam consigo uma vasta quantidade de instruções de processamento legados para funcionar em qualquer cenário, o que tornam bons processadores para uso geral, porém medianos para usos específicos. Porém para a imensa maioria um simples processador ARM (que já deixou de ser simples a muito tempo), feito quase que exclusivamente para internet e entretenimento é muito mais que o necessário para qualquer atividade. Precisa de uma prova? O Atom da Intel, não interessa o que a empresa faça, já deixou de ser a melhor opção para qualquer cenário.
Olá ARM!Olá ARM!
Mas todos os processadores x86 vão acabar? Não, mas na minha opinião ficarão restrita a uma pequena parcela da população e empresas que precisam do poder de processamento e não terão como utilizar a Cloud Computing para isso.
- O futuro é Mobile (ARM) e Cloud Computing (RISC).
Esqueça computador, esqueça o seu desktop e esqueça também seu notebook. Tudo o que você precisará dentro de 5 anos é um bom celular, apenas isso. Apesar de todos os avanços da arquitetura ARM é óbvio que ela ainda está muito atrás dos processados mais modernos, e apesar de encontrarmos smartphones executando grandes jogos e até editando fotos com o Photoshop ainda existirá uma parcela da população que precisará de um poder de fogo muito superior. Para essa parcela a solução se resume a Cloud Computing.
Durante a CES 2011 a Motorola apresentou seu primeiro aparelho celular 4g, o Motorola Atrix. Apesar do software ainda não está redondo o suficiente para o que se destina e algumas outras ressalvas precisam ser feitas, eu realmente acredito que o futuro da computação pessoal irá se resumir a essa foto:
Motorola Atrix 4g como desktop.Motorola Atrix 4g como desktop.

Motorla Atrix com docking bay.Motorla Atrix com docking bay.
Imagine poder levar todo o seu computador a qualquer lugar, dentro de seu bolso, de poder acessar tudo o que você precisa a qualquer momento, de qualquer lugar. E quando precisar de produtividade, montar seu docking bay e utilizá-lo como um notebook convencional.
Alguns vão questionar que o hardware não é suficiente para determinados aplicativos, mas pra que você precisa se dedicar e investir em um grande computador ou servidor se até mesmo hoje em dia você já pode utilizar serviços de Cloud, como os da Amazon, por menos de $14,95 mensais? Precisa de poder de fogo, contrate um serviço da Locaweb, Amazon, IBM, Google ou qualquer outro e por bem menos você terá muito mais retorno que qualquer investimento em máquina física, você terá um mainframe (provavelmente RISC) a seu dispor.
O único empecilho a essa realidade é a lenta adaptação dos softwares a esse cenário, o que promete mudar rapidamente. Imagine ao invés de ter um super computador para editar suas fotos você pudesse fazê-las em qualquer celular e utilizar o poder de processamento de um bom mainframe RISC para tal. Esse é o cenário que eu realmente acredito daqui a uns 5 anos.
- Mas e os jogos?
Será que eu preciso lembrar que jogos como Farmville e Angry Birds tiveram lucro superior a qualquer Uncharted ou GTA ? Mas isso quer dizer que os jogos se resumirão a entretenimento casual? Não, ainda haverá espaço para mega produções e jogos grandiosos, apenas não mais nos PCs.
Exatamente meus amigos, apesar de também ser um fã de PC e não me ver comprando nenhum console tão cedo admito que não vejo os PCs como plataforma de games por muito tempo. Tirei essa conclusão depois de participar do keynote da Microsoft apresentando por Steve Ballmer, quando o mesmo disse com todas as palavras que o Xbox é e continuará sendo a central de entretenimento de uma casa. Ficou muito claro que o interesse da empresa é focar no desenvolvimento de jogos para seu console, se nem mesmo a Microsoft pretende investir muito em games para PC, quem o fará?
Hoje em dia já é difícil desenvolver um game para computador devido a grande variação de componentes, agora imagine que a próxima versão do Windows também rodará em processadores ARM e equipará os mais diversos dispositivos eletrônicos, tornando o desenvolvimento ainda mais difícil para games pesados. Resumindo, você terá no seu celular Farmville 3 e Angry Birds 2 e para jogos mais poderosos você utilizará seu Wii 2, Xbox 720 ou PS4.
Depois dessas palavras convido vocês fazerem um pequeno exercício de percepção, comecem a acessar seus sites de tecnologia favoritos e notarão que mesmo aqueles mais focados em processadores e placas de vídeo já abriram seu leque e hoje falam de celulares, tablets, consoles e até tvs. Por conta disso estou cada vez mais convicto que meu velho Core 2 Quad Q6600 será meu último desktop, já estou com saudades.
Gostaria de agradecer a Juliana por essa coluna, sem sua ajuda não teria conseguido publicá-la hoje